Na última quinta-feira (6), conversamos com o MC Kekel, um dos personagens principais da série documentada “Funkbol”, produzida pela Divisão Internacional de Estúdios da Paramount (VIS), além de contar com a parceria da KondZilla e apoio da CBF.
O cantor falou sobre a participação no novo projeto, destacou o momento que vive o funk e a relação com o futebol dentro das periferias nos últimos 10 anos.
Kekel colocou os elementos como as principais possibilidades de mudança de vida para os jovens que crescem na favela, principalmente pela identificação com as histórias de seus ídolos.
“Eu enxergo o funk e o futebol o maior desejo dentro da favela. Parece que a gente nasce já criando a expectativa, de tentar mudar nossa vida jogando bola, cantando funk ou rap, que também engloba dentro da favela. Eu acredito que o funk e o futebol são uma válvula de escape para toda molecada que mora na comunidade. Que tem algumas escolhas: sonhar e lutar por esse sonho ou ir pelo caminho das pedras, que são o tráfico e as drogas. Para as pessoas de comunidade, a maior libertação de talento é ver alguém conseguindo algo e sair de lá através do seu sonho, aí vai alimentando a cestinha de sonhos de todas as crianças. Acredito que essa cultura de que todo favelado tem um dom e nasce de geração em geração”, disse Kekel.
A importância das pessoas que vieram antes também foi um ponto levantado pelo cantor, para o funk conquistar o espaço que tem hoje e poder chegar às grandes produtoras e distribuidoras de conteúdo, como a Paramount.
“Antigamente o funk era uma válvula de comunicação para falar com a comunidade, tá ligado? Hoje, o funk conseguiu tirar esse preconceito, falavam que o funk era englobado com o crime, que o funk era igual o rap. Hoje, o funk conseguiu abrir as portas de cultura e de grandes eventos, mudou também a vida de vários cantores de funk. Como eu disse uma vez, vários tiveram que morreram, brigaram e lutaram para o funk deixar de sofrer discriminação. Para poder, hoje, o funk estar onde está. A molecada olha pra nós, que saiu da quebrada, e leva como espelho, que o funk também muda a vida das pessoas, sabe? O funk não é só um grito de socorro, mas também é uma oportunidade de mudar de vida”, completou.
“Sonho só enche a barriga a partir do momento que vira realidade”
Kekel deixou um alerta para quem pensa em seguir uma dessas carreiras, lembrando que as oportunidades nesses meios são limitadas, e nem sempre os melhores conseguem mostrar o trabalho.
“É o que eu sempre falei… as vezes a gente sonha e sempre coloca o sonho como prioridade, e não constrói o plano B. Eu antigamente escutava que o funk não dá dinheiro e tem que trabalhar. Sempre falo para todo mundo trabalhe duro no seu sonho e na sua vida, porque enquanto o sonho tá só na sua frente, ele não vai bater na tua porta. Tem que correr atrás, tem que trabalhar e estudar. Minha mãe sempre falava… um pedacinho de tudo se você não aproveitar, você vai perder. Eu não aproveitei a escola, certas coisas que era pra eu saber hoje, eu não sei. Tive que aprender perdendo. Trabalhei a minha vida toda, não curti um pouco da minha infância, eu perdi um pouco daquela parte que hoje me frustra. Então, eu sempre falo para todo mundo, o sonho pode ser do tamanho que for, mas o trabalho ainda ganha. Independente, se você for talentoso ou não”, enfatizou o funkeiro.
Participando do documentário, Kekel disse que se impressionou com a semelhança nas histórias de vida dos funkeiros e dos jogadores de futebol, e ressaltou que está ansioso pra mostrar o seu lado humano e mais pessoal para o público.
“Pra mim, fazer essa participação nesse documentário, poder falar do que o funk fez na minha vida e poder escutar um jogador falar o que futebol fez na vida dele, não é nada distinto, sabe? Parece que é a mesma história, só muda que um fica de um lado da avenida e o futebol do outro, um anda lado a lado com o outro. Eu poder contar o que funk fez na minha vida, pra mim, é surreal. Porque tem pessoas que vivem o funk mas não conta como aconteceu, sabe? E poder contar como aconteceu, como é o outro lado da moeda, pra eles conhecerem o Keldson, não o Kekel. Pra mim, é algo muito gratificante e que vai marcar minha vida”, finalizou.
Confira o trailer completo do documentário “Funkbol” abaixo:
E aí, o que achou disso tudo?
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