O funkeiro Kauan Mariz de Oliveira, popularmente conhecido como MC Kauan, de 30 anos, foi preso pela Polícia Militar por volta das 17h desta terça-feira(23), enquanto comia em uma doceria de São Vicente, litoral de São Paulo.
O artista foi encaminhado ao 1º Distrito Policial (DP) do município, e depois será levado para uma penitenciária – ainda não divulgada – da região.
Ele respondia pelo mesmo processo desde 2014, quando foi detido em flagrante pela Polícia Militar portando uma sacola com 19 pinos de cocaína, 22 frascos de cloreto de metileno e grande quantidade de dinheiro em espécie, na Baixada Santista.
Em 2019, ele foi condenado em segunda instância a 4 anos e 2 meses de prisão por tráfico de drogas por dois dos três desembargadores do TJ-SP que analisaram o caso, mas recebeu um Habeas Corpus após recurso da defesa, pelo julgamento não ter sido unânime.
Neste mês, o apelo da defesa foi negado em segunda instância e o recurso do MP para condená-lo a quatro anos e dois meses de prisão, em regime fechado, foi aceito. No dia 19 de agosto, um mandado de prisão foi expedido contra o artista para cumprimento da pena em regime fechado.
A defesa do cantor, formada pelos advogados Marcelo Cruz e Yuri Cruz, alegou ao G1 que o cantor poderia ser preso enquanto aguardava um julgamento de um recurso que contestava a decisão da segunda instância. O objetivo era que cumprisse a pena em regime aberto e prestasse serviços à comunidade.
Ainda ao G1, o advogado de Kauan, Marcelo Cruz, disse: “A defesa vai apresentar memoriais aos ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) informando a prisão dele e indicando julgamento em caráter de urgência do agravo regimental [com parecer favorável]”.
Sabrina Rosa, namorada do funkeiro, publicou stories em seu Instagram criticando a justiça brasileira. Ela também disse que ainda irá se pronunciar sobre o caso.
Abaixo, veja o momento em que Kauan chega à Delegacia:
Ver essa foto no Instagram
Relembre o caso
Na madrugada do dia 20 de janeiro de 2014, MC Kauan foi preso em flagrante em São Vicente, litoral de São Paulo. Ele tentou fugir com uma sacola cheia de entorpecentes após ser abordado pela Polícia Militar, mas foi detido por outra equipe da Operação Verão, que estava sendo realizada no município.
Com o cantor, a Polícia localizou 19 pinos de cocaína, 22 frascos de cloreto de metileno e grande quantidade de dinheiro em espécie. Assim, o Coringa foi detido e encaminhado ao 1º Distrito Policial de São Vicente, onde o caso foi registrado e o cantor permaneceu à disposição da Justiça.
Dois dias depois da prisão, a defesa de Kauan, formada pelos advogados Marcelo Cruz e Yuri Cruz, entrou com pedido de liberdade provisória e ele pôde responder às acusações em liberdade.
4 anos depois, Kauan foi absolvido das acusações devido à insuficiência de provas. A sentença foi concedida pela juíza Fernanda Menna Pinto Perez, da 1ª Vara Criminal de São Vicente.
No entanto, o Ministério Público (MP) recorreu da decisão e o caso foi levado para as autoridades da da 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no dia 22 de outubro de 2018.
Em 2019, o TJ-SP decidiu pela condenação do cantor por quatro anos e dois meses de prisão por tráfico de drogas. A decisão foi feita por dois dos três desembargadores responsáveis por avaliar o caso. A defesa do cantor apresentou recurso.
A defesa contestou a decisão por conta de um voto favorável de um dos desembargadores pelo não reconhecimento do crime de tráfico, mas sim que Kauan portava os entorpecentes para consumo.
Assim, com o recurso, Kauan recebeu um Habeas Corpus concedido pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com a nova decisão, o artista pôde aguardar pelo julgamento em liberdade.
Na época, Marcelo Cruz, um dos advogados, falou sobre o caso ao G1: “A condenação não foi uma decisão unânime do Tribunal de Justiça e, por isso, entramos com novo recurso. Agora, conseguimos evitar a prisão até o julgamento de todos os recursos possíveis. Estamos aguardando decisões melhores no curso do processo”
MC Kauan é conhecido por cantar músicas que exaltam o crime, fuga na polícia e o jeito ‘vida louca’, mas sempre deixou claro que não tem envolvimento nenhum com o crime organizado e que suas músicas apenas retratam a realidade das periferias.
VEJA MAIS: