Nesta semana, os cantores Mc Maneirinho e Mc Cabelinho receberam uma intimação para depor na delegacia sobre uma denúncia de apologia ao crime, feita por um deputado do PSL. Os funkeiros se defenderam em suas redes sociais logo que perceberam sobre o que se tratava a investigação, dizendo que o que fazem é retratar o dia a dia das favelas do Brasil em forma de arte.
Em entrevista dada ao G1, Maneirinho se defendeu das acusações reafirmando que suas letras são sobre a realidade: “Assim como eu, outros artistas e todo MC funkeiro vai ter que falar da realidade em que vive, e, muitas vezes, o crime e as drogas estão no contexto em que vivemos.”
Em seguida, protestou contra o sistema argumentando sobre como os casos são vistos de uma forma diferente quando tem um negro favelado envolvido: “A gente faz o que o Padilha e o Wagner Moura já fizeram, que é interpretar a realidade. Filmes e séries gravam em favelas, mostram armas, drogas e ganham prêmios. Mas quando isso é feito por nós, artistas moradores das comunidades, somos apontados como criminosos”
Ambos os artistas, através de suas redes sociais, defenderam que os mais ricos não aguentam ver o sucesso daqueles que vem da favela, principalmente quando são negros. Cabelinho relembrou os casos das crianças Agatha e João Pedro, assassinados por engano em comunidades do Rio de Janeiro, dizendo que casos como esse acontecem toda semana e não tem ninguém que denuncie isso assim como ele foi denunciado por algo comum dentro do funk.
O Mc Cabelinho também acusou o racismo envolvido em denúncias como essa, que por ser negro e estar tendo progresso em sua vida, está incomodando aqueles que estão no poder: “Vão querer prender todo favelado que, contrariando a estatística, consegue espaço e reconhecimento da sociedade, o que eles querem de verdade é prender o que a gente representa, o preto favelado que cresce na vida e começa a tomar de volta o lugar que sempre foi nosso por direito. #FOGONOSRACISTAS”, escreveu o Mc em seu instagram.
As postagens renderam mobilização e protestos de personalidades brasileiras, como Richarlison, atacante do Everton e da seleção brasileira, o pagodeiro Ferrugem e diversas outras estrelas do mundo do funk. Todas com o mesmo entendimento de como o funk é criminalizado dentro da sociedade.