Ontem (19), estreou a segunda edição do ‘Ilha Record’ em que algumas celebridades passam uma temporada juntos numa ilha paradisíaca. Durante uma dinâmica do ‘jogo da discórdia’, um participante rockeiro, de forma sarcástica, definiu outro participante como ‘fraco’ pelo simples fato de ser funkeiro.
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O rockeiro é o Bruno Sutter e, diferentemente dele, não precisamos atacar quem ele é. Mas, apenas para você ter uma noção, a equipe dele se sentiu na obrigação de contar um pouco sobre a história dele, com destaque para cantor de churrascaria e ex-MTV:
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O funkeiro, por sua vez, é o sergipano Kaio Viana que além de compor diversas músicas, possui o hit ‘Vai Mostrar o Peitinho’, viral no Tiktok e acumula mais de 12 milhões de visualizações no Youtube. Se liga:
A brincadeira, no entanto, levanta um debate importante que é o preconceito que existe contra o funk, principalmente, dos estilos musicais que se autoconsideram melhores e mais puros.
Para entender mais sobre isso, nós da Sobre Funk iremos falar um pouco sobre isso.
Há uma semana atrás, dia 13 de julho, comemora-se no mundo inteiro o Dia do Rock. O funk, por sua vez, também tem uma data comemorativa, mas apenas em São Paulo, no dia 7 de julho, em referência a morte do MC Daleste. Embora as duas tenham um dia para homenageá-las, é nítido qual é legitimada e qual não é.
O funk, como manifestação cultural da quebrada, carrega com si a discriminação que existe no dia-a-dia e, fatalmente, reflete na sociedade de diversas maneiras. Na comemoração do Dia do Rock, um tweet viralizou dizendo que ‘enquanto o funk abria as pernas, o rock abria a mente’.
Comentário este que é bastante infeliz e apenas reproduz uma narrativa preconceituosa, na qual há a necessidade de afirmação, em detrimento da cultura nacional. Mais do que isso, fecham os olhos para a promiscuidade que há no som deles também. Se liga:
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Além disso, desconhecem do funk consciente, em que diversos cantores se destacam por passar a mensagem de superação e motivacional, inspirando as pessoas que são da periferia. Importante destacar alguns, como por exemplo os MC’s Neguinho do Kaxeta, Hariel, Kako, Lipi entre outros.
Em relação ao MC Kako, recentemente ele respondeu às falas de um cara chamado Lord Vinheteiro que, juntamente com o Monark, falando que o funk é uma bosta. Representante do funk consciente, ele questionou:
“Pô amigão, você com essa flauta: salvou quem? Colocou comida na boca de quem? Tirou quem do crime?”
O funk tem esse poder de dar uma esperança para os favelados, onde não há tantas oportunidades quanto por um rockeiro, por exemplo. Há diversos exemplos dentro do funk que eram do crime antes de estourar no funk.
Ainda mais, o funk é o gênero musical que mais cresce em relação aos números, até superando aqueles que costumavam dominar o topo das paradas, como o sertanejo. O rock, por sua vez, nem chega perto.
No entanto, não é a primeira vez que a Record age de forma preconceituosa com o funk e nem será a última. Nós, do movimento funk, não precisamos da legitimação dos grandes centros e da grande mídia, pois já estamos em todas as quebradas. E é isso que importa.
O que você acha sobre tudo isso? Deixe a sua opinião nos comentários.